RIO GRANDE DO NORTE COMPLETA 523 ANOS A PARTIR DO MARCO DE TOUROS

O Rio Grande do Norte é um dos 26 Estados da República Federativa do Brasil. A população de pouco mais de 3 milhões e 300 mil habitantes está distribuída por 167 municípios entre o mar e o sertão. Uma ocupação que se fez ao longo de alguns séculos e envolve histórias de dominação e guerras, desde a chegada dos portugueses – marcando o início da colonização – passando por confrontos que praticamente dizimaram as tribos indígenas que ocupavam territórios no litoral e no interior, até chegar aos dias atuais.

Quando falamos em identidade e autorreconhecimento, as datas têm uma importância grande e, no que diz respeito a história do RN, o dia 7 de agosto de 1501 é a data que foi fincado o Marco de Touros na praia que leva o nome a esse município. O monumento é o marco inicial da colonização, e não só no Rio Grande do Norte, mas hoje muitas teses mostram que o próprio Brasil tem ali o marco fundamental do início da colonização, derrubando a versão do descobrimento no sul da Bahia.

Em termos gerais, essa relevância se dá pelo marco inicial da colonização, mas é necessário lembrar que antes mesmo da chegada dos europeus, existia história com os povos originários que viviam no Rio Grande do Norte. Não por acaso, até mesmo o nome Potiguar – que em tupi, significa comedor de camarão – é dado àqueles que nascem no estado do Rio Grande do Norte, como também Papa-Jerimum ou Norte-Rio-Grandense.

Ainda assim, a data é significativa, pois passa a ideia de identidade, pertencimento, história e até mesmo da união dos povos no sentido geral. É importante frisar também que o Estado é parte de capítulos importantes da história do Brasil que vão além do possível local do Descobrimento, como a Invasão Holandesa e a Segunda Guerra Mundial.

Neste 07 de Agosto, quando o Estado completa 523 anos, o Diário do RN conversou com o historiador e professor do IFRN – Apodi, Tales Augusto, que destacou momentos importantes dessa história, mas também chama para uma análise crítica, uma reflexão sobre a relevância histórica e cultural do RN e a valorização dos símbolos: “É possível valorizar e conhecer mais o nosso estado. Em vários locais do nosso Brasil, antes dos jogos de futebol serem realizados ou até competições no geral, além do hino nacional brasileiro, o hino local é tocado. Então, quem sabe a governadora, quem sabe a Federação Norte-rio-grandense de Futebol e outras federações esportivas possam incentivar a ideia de uso do hino local, já que também é uma ideia de identidade. Poucos de nós, potiguares, conhecemos o hino do Rio Grande do Norte e os símbolos potiguares”.

Entre acontecimentos que vão da política à educação, o historiador Tales Augusto destacou alguns marcos que considera os mais importantes na história do RN:

Monte Pascal x Pico do Cabugi

 

“Existe uma vertente histórica – defendida, entre outros, pelo historiador Lenine Pinto – que Pedro Alvares Cabral, ao invés de subir o Monte Pascal (BA), escalou o Pico do Cabugi (RN), após chegar no Brasil. Acidentes Geográficos alimentam a teoria, sendo destaque uma viagem feita com o mesmo tempo da viagem de Cabral, e a chegada não foi na Bahia, mas sim ao Rio Grande do Norte. Além disso, como citado antes, o marco de início da colonização foi no Rio Grande do Norte e não na Bahia”.

Marco de Touros

 

“Marco de Touros, sentado em 1501, chamou muita atenção da população indígena que não sabia o que era aquele monolítico, então, conta-se que eles faziam até chá para curar doenças, para questões transcendentais, e também até mesmo batiam com a cabeça lá. Dizem que por questões de traições conjugais, apesar do que eu não vejo dessa forma, já que a poligamia era algo que boa parte da população indígena tinha na região. Mas são contos também. O monumento não se encontra mais no município de Touros, ele está protegido na Fortaleza dos Reis Magos, enquanto no local original, está posta uma réplica”.

Educação
“A campanha “De pé no chão também se aprende a ler” foi muito forte após o prefeito Djalma Maranhão implementar as ideias educacionais de Paulo Freire em 1963.

O projeto começou após as 40 horas de Angicos, que alfabetizou cerca de 300 adultos utilizando ideais de educação Freireanas. A cidade de Angicos como pioneira não foi escolhida à toa, mas sim pela presença de Aluísio Alves, já que ele teve uma presença forte na história do Rio Grande do Norte enquanto governador. O município foi o local de nascimento do político”.

Intentona Comunista
“A Intentona Comunista foi uma tentativa de golpe contra o governo Vargas que aconteceu em 1935 e durou três dias. Natal foi a primeira cidade a implementar uma ideia socialista, comunista, bem antes que Cuba, que só implementou o regime em 1959 após a revolução cubana”.
 

Segunda Guerra Mundial

 

“Na segunda Guerra, o governo do Brasil ainda não havia decidido se iria ficar do lado do eixo, dos aliados ou ficaria neutro, e o Rio Grande do Norte foi fundamental nessa escolha, já que o acordo para o Brasil entrar na guerra ao lado dos aliados (ao lado dos Estados Unidos, Inglaterra, França, União Soviética), se deu por um acordo que teve, como benefício, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, duas estatais. O grande salto da vitória na Segunda Guerra Mundial foi Natal e Parnamirim, principalmente por Parnamirim Fields, o campo de Parnamirim, e a Barreira do Inferno”.

Mulheres Notáveis

 

“O RN tem mulheres marcantes na sua história. Conhecidas como As desbravadoras, os destaques foram Celina Guimarães Viana, primeira mulher a ter o direito ao voto, em Mossoró, e a Alzira Soriano, primeira prefeita da América Latina. Além delas, Ana Floriano fez o levante das mulheres em Mossoró, e Clara Camarão marcou presença contra os holandeses”.