Prefeitos que apoiaram a reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT) no primeiro turno do pleito eleitoral no Rio Grande do Norte, estão pedindo votos para o presidente da República, Jair Bolsonaro, e já acenam com a possibilidade de redução ou virada de votos na reta final de campanha em relação ao adversário, o ex-presidente Lula.
Júlio César acredita em ampliação dos votos de Bolsonaro
O prefeito de Ceará Mirim, Júlio César Câmara, acredita que pelo apoio recebido para melhorar a prestação de serviços no município, terá condições de ampliar a votação do presidente Jair Bolsonaro. “Vamos trabalhar para isso, o PT passou 15 anos no poder e não conseguiu atender as demandas dos municípios da mesma forma que o presidente”, disse ele.
Para Júlio C. Câmara, no primeiro turno “teve que trabalhar cinco”, a exemplo de todos os prefeitos do Rio Grande do Norte, para diversos candidatos. “Agora não, a discussão é mais polarizada e a gente vai defender melhor nosso ponto de vista, a população vai conhecer todo o trabalho que foi feito pelo governo federal através do ex-ministro Rogério Marinho e do ministro Fábio Faria”, continuou.
Júlio C. Câmara disse que entrou na campanha do segundo turno, apoiando o presidente Bolsonaro, “como se fosse a minha própria campanha de prefeito, não podemos abrir mão de uma parceria em Brasília, como tivemos de dois ministros em Brasília, para continuar parceria em várias áreas, saúde, infraestrutura, educação”.
Segundo Câmara, a sua meta, nessa reta final de campanha, “é tirar pelo menos a metade, mesmo não sendo bastante para virar”, da diferença de 21 mil votos que separaram Lula e Bolsonaro em Ceará Mirim: “Dia 30 está chegando, no Brasil já virou, falta agora acrescentar nossa vitória aqui, pra isso precisamos estar todos juntos pra que possa continuar desenvolvendo a nossa cidade”.
Câmara declarou, ainda, que Ceará Mirim tem R$ 15 milhões em recursos empenhados para obras no governo federal: “‘Morro de medo’ os empenhos serem cancelados, porque é uma prática de troca de governo, quando entra cancela tudo o que o outro fez”.
Na opinião de Câmara, a população “tem o livre arbítrio decidir para a vida dela, mas quero ver minha cidade desenvolvendo”.
O prefeito de Timbaúba dos Batistas, Ivanildo Araújo Filho, o “Ivanildinho”, disse que no fim de semana intensificou a campanha de Bolsonaro naquele município, vizinho a Caicó, na região do Seridó. “Acredito que é possível reduzir a diferença com o engajamento do nosso grupo político e mostrando, principalmente, os benefícios que o município tem viabilizado junto ao governo federal”.
“Ivanildinho” explicou ter apoiado a governadora Fátima Bezerra no primeiro turno, porém acha que os pequenos municípios não podem prescindir de um governo que tem apoiado Timbaúba dos Batista: “Claro que tem as limitações do Estado, que pouco tem conveniado com o município, tenho dito que o governo federal tem sido um grande parceiro e imagino a maioria dos prefeitos torce pela reeleição Bolsonaro, em especial pelas parcerias conseguidas com Rogério Marinho (ex-ministro do Desenvolvimento Regional) e Rogério Marinho e alguns deputados”.
Segundo “Ivanildinho”, a sua forma de tentar ajudar na campanha de Bolsonaro “é conversando com os amigos e eleitores, mostrando essa realidade, pra se aproximar em 10% a diminuição dos votos” favoráveis a Lula no primeiro turno, com uma diferença de 862 votos.
O prefeito de Lagoa Salgada, Osivan Queiroz, afirmou que já no primeiro turno apoiava a candidatura de Bolsonaro à reeleição, mas havia deixado os eleitores do município à vontade, porque tinha a questão das eleições proporcionais, vez que os deputados que apoiava tinha candidatos diferentes na campanha presidencial.
Agora não, passado o primeiro turno, está mais engajado na reeleição do presidente, “fazendo a minha parte e ajudando no que puder, mostrando em redes sociais que o nosso candidato é Bolsonaro”.
Queiroz disse que “está fazendo uma campanha transparente, mostrando todo dia a realidade” de como chegaram benefícios para Lagoa Salgada, onde Bolsonaro teve 22%. “Qualquer voto que diminuir já ajuda, se todo prefeito fizer isso, cai um pouco a votação de Lula”.
Já o prefeito de Coronel Ezequiel, Cláudio Macedo, o “Boba”, disse que “tem de ser justo e valorizar a importância do governo federal aos municípios”. Em razão disso, acrescenta, “por tudo o que presenciamos e pela mudança no tratamento com os municípios, é que apoiamos o presidente Jair Bolsonaro, queremos mais quatro anos de trabalho sério em Brasília”.
O prefeito de Jardim de Piranhas, Rogério Couro Fino, recebeu o senador eleito Rogério Marinho no fim de semana, e afirmou que vem realizando um trabalho boca a boca, pedindo aos eleitores para que que “fale com seu amigo, vizinho, colega de trabalho, mostrando as propostas do presidente, porque não podemos retroceder”.
Já a prefeita de Areia Branca, Iraneide Rebouças, disse que “vem fazendo um trabalho de convencimento das pessoas, saindo do viés ideológico ou da polarização política, para focar no que é melhor para nossa cidade”.
Iraneide Rebouças acrescentou que “está mostrando realizações e conquistas obtidas no atual governo e mostrando que com a eleição do senador Rogério Marinho, dos nossos deputados Areia Branca, será muito mais forte se o presidente for Bolsonaro”.
“Não é questão de paixão. É de razão. Simples de entendermos. Queremos nossa cidade mais desenvolvida, com obras estruturantes, com ações efetivas? É votando no 22 que vamos garantir isso”, continuou a prefeita areia-branquense, para quem “muita gente tem entendido assim. Quem é prefeito, como eu, procura se posicionar de acordo com aquilo que trará mais benefícios para a cidade”.
Por fim, Iraneide Rebouças faz uma comparação do atual governo com gestões anteriores em nível de Brasil: “Bolsonaro foi o presidente que mais prestigiou o Rio Grande do Norte em toda a história. Quando o nosso pequeno Rio Grande do Norte teve dois ministros em um governo? E ministros fortes, atuantes, com condição de realizar, como foi Rogério Marinho e tem sido Fábio Faria. Isso é fundamental para o nosso Estado, é muito mais do que qualquer outra questão ideológica ou política”.
O presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Anteomar Pereira, já apoiava o presidente Bolsonaro desde o primeiro turno, mas disse que entre 90 e 100 prefeitos apoiam à reeleição dele no Estado, daí avaliar que a votação de Bolsonaro deve crescer de 10% a 15% no Estado. “Esse é o sentimento dos prefeitos, mas há um quadro mais favorável e de reverter na região do Potengi, na Grande Natal e municípios mais próximos a Natal”, disse Babá, que é prefeito de São Tomé.
Segundo Babá, “os prefeitos que apoiam o presidente estão em campo” para o encerramento da campanha nos dias 27 e 28, usando as redes sociais, realizando motociatas e carreatas, além de reuniões com grupos de militantes e simpatizantes do presidente da República.
Presidente soma mais apoios locais na campanha
Os eleitores não foram convocados neste ano a escolher prefeitos, mas eles têm sido cada vez mais atraídos a entrar de cabeça na campanha - para a Presidência da República. Nesta reta final da eleição, tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o atual, Jair Bolsonaro (PL), ampliaram o assédio sobre políticos locais para avançar sobre as máquinas municipais e aproveitar sua capilaridade num contexto em que as eleições já “esfriaram” na maioria dos Estados. Neste quesito, o atual presidente vantagem: seu partido, o PL conquistou 345 prefeituras em 2020, quase o dobro do número alcançado pelo PT, de 183.
Com Bolsonaro na Presidência, outras legendas que orbitam na base federal ampliaram sua influência. O PP, por exemplo, conquistou 685 cidades em 2020 - alta de 40% em relação às eleições de 2016. O Republicanos, partido do candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas, saiu-se vitorioso em 211 municípios e o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, venceu em 212.
Já do lado adversário, o PT enfrenta mais dificuldades para levar seu discurso à ponta, ao menos por meio de prefeitos aliados. Além de não comandar hoje nenhuma capital, o partido perdeu capilaridade desde 2020. O total de 183 prefeitos eleitos há dois anos é ainda menor do que o resultado obtido em 2016, na esteira das denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato e pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff - naquele ano, haviam sido 256.
A adesão de gestores municipais às campanhas é considerada estratégica especialmente no segundo turno, quando já foram eleitos deputados estaduais, federais e senadores, além dos governadores de 14 Estados e do Distrito Federal. De olho nesses potenciais aliados, Lula se encontrou na tarde de ontem com representantes da Confederação Nacional dos Prefeitos e já destaca a fama municipalista de seu vice, Geraldo Alckmin, que foi vereador e prefeito de sua cidade, Pindamonhangaba, no interior paulista.
Enquanto a campanha petista busca entidades e convoca o vice de Lula para ampliar a capilaridade de seu discurso, Bolsonaro se utiliza do apoio dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do Brasil - São Paulo, Rio e Minas - para avançar também sobre as cidades. Por meio deles, a campanha do presidente faz uma ofensiva sobre prefeitos e vereadores para ampliar sua base nos municípios do interior, especialmente. Aliados acreditam que a articulação com cabos eleitorais locais pode ajudar o chefe do Executivo a virar votos dados no primeiro turno a Lula.
Com a intermediação de governadores eleitos, o presidente se reuniu ao longo da última semana com mais de mil gestores municipais e discursou ao lado de quadros importantes na articulação com as prefeituras. Na quinta-feira, 20, Bolsonaro esteve com mais de 530 prefeitos de São Paulo ao lado do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que já declarou “apoio incondicional” à reeleição do candidato. Na ocasião, o presidente pediu “trabalho e empenho” dos prefeitos.
Tribuna do Norte
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