Eleição aconteceu nesta quinta-feira (4), sem a presença da atriz. Atriz foi eleita por 32 dos 34 acadêmicos — 2 votos foram brancos
A atriz Fernanda Montenegro, de 92 anos, foi eleita por maioria absoluta à cadeira de número 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na tarde desta quinta-feira (4). Ela recebeu 32 dos 34 votos dos acadêmicos — 2 foram brancos.
Fernanda não esteve presencialmente no local, já que, por norma da ABL, candidatos não podem participar da sessão, que teve início às 16h.
“É algo assim, é uma viagem no imaginário, uma viagem no sublime. A minha arte não é imortal. A arte do ator é enquanto ele está ali vivo, presente em carne e osso. Mas, de uma forma poética, vamos dizer que é imortal. Eu fico muito espantada que uma academia que tem como princípio ser imortal, acolher uma atriz que só existe quando está em cena carnificando o personagem”, disse a atriz em entrevista a Malu Gaspar, do Jornal O Globo.
A atriz também destacou a pouca participação de mulheres na academia.
“Já não teve nenhuma mulher [na academia]. Isso [mulheres ocupando cadeiras na ABL] não vai parar. Vai chegar uma hora que talvez tenha mais mulheres do que homens. Certamente, a chegada das mulheres vai ter força e será aceito. É do tempo atual, da justiça em torno da existência humana”.
Fernanda também criticou o atual governo.
“Esse atual governo é uma forca, um vômito, é uma apunhalada no ventre. Mas vai acabar. Uma hora vai acabar. A grande tristeza é que ele entrou pelo voto. (…) As pessoas votaram no Bolsonaro. E por que votaram? Talvez porque os governos anteriores cumpriram só metade do prometido. Talvez tenha causado uma desilusão”.
Ela deve assumir o posto em março de 2022, quando o órgão volta do recesso de fim de ano.
Fernanda tem dois livros publicados. Em “Prólogo, ato, epílogo”, ela narra suas memórias. A outra obra, “Fernanda Montenegro: itinerário fotobiográfico”, reúne imagens que contam a sua trajetória pessoal e profissional.
Para ser nomeada para a cadeira de imortal, Fernanda precisava obter 17 votos — ou seja, metade dos votos.
No mês passado, a atriz oficializou a candidatura ao posto antes ocupado pelo diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, que morreu no dia 15 de março de 2020.
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