Por: JOSUÉ MACHADO
O veado, símbolo de virilidade em países do hemisfério norte, tornou-se no Brasil mais ou menos o contrário disso: como sabemos todos, veado por aqui, na linguagem de rua e das relações mal comportadas, significa homossexual masculino passivo, que o dicionário Caldas Aulete chama rudemente de pederasta passivo, também conhecido como uranista.
Urano, na mitologia grega, é o nome do deus que se tornou impotente, mutilado pelo filho rebelde Crono, um dos Titãs.
De onde teria surgido a ligação entre veado e homossexual? Seria da delicadeza e da timidez características do veloz quadrúpede ruminante? O belíssimo desenho-animado "Bambi", de Walt Disney, que acentua a delicadeza saltitante do bichinho, poderia sugerir isso. De fato o veado jovem é um bichinho – não bichinha – gracioso.
Mas há muitos bichinhos graciosos e nem por isso os homossexuais são chamados de coelhos ou esquilos. O professor Tenório D'Albuquerque explica a acepção pouco ortodoxa em seu livro "Atentados à Gramática". Diz ele que o Dr. Hirsch, um médico apologista da dupla sexualidade, em Frankfurt, na Alemanha pré-Hitler, teria demonstrado que o "cruzamento" entre judeus e alemães produzia casos freqentes de "homens-mulheres" e "mulheres-homens". Hirsch considerava seres superiores os andróginos, como chamava essas pessoas e a si mesmo. Ocorre que Hirsch em alemão quer dizer "veado". Daí a extensão de veado a homossexual.
Explicação estranha e tortuosa como a vida de alguns políticos brasileiros. (Escolha o seu.) Tortuosa e baseada em autores discutíveis como Chandant, o preconceituoso narrador crítico das teorias de Hirsch. Além disso não confere com a imagem do veado de quatro patas acima do Equador: lá, macho dos bons e sempre caçado por seus inimigos naturais, pobrezinho. E cá, o de duas pernas, nem sempre tímido, muitas vezes caçador insistente mas raras vezes agressivo.
Quanto a "bicha", outra forma desrespeitosa de tratar homossexuais, talvez seja tradução livre do francês "biche", corça, fêmea do cervo, nome com que antigamente se brindavam no Brasil os quase sempre simpáticos e sensíveis homossexuais. Quase sempre.
Eles chamam a si mesmo de "entendidos" ou "gays" e alguns rudes lenhadores os classificam como "anormais". Falar em anormalidade no caso não fica bem. Quem sabe preferência, escolha, ocorrência genética, determinismo genético?
Obs: Não me levem a mal, mas, o texto é oportuno para determinada espécie escondida no armário, sem a coragem de assumir o que se tornou comum em uma sociedade que se acha avançada e moderna.
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