Dilma, subjugada ao Marketing, esquece de governar
Por Jorge de Oliveira
Rio – Desde que o Lula anunciou a reeleição da Dilma e
se disse fora da disputa, o governo passou a ser comandado pelo
marqueteiro João Santana, responsável pelas eleições dos presidentes
petistas. Sempre que pode, Santana reúne em torno dele a Dilma, o Lula e
assessores preocupados com a performance da presidente.
Tudo é estrategicamente traçado por ele: viagens, discursos, gestos,
atitudes, sorrisos e decisões visando o segundo mandato da Dilma.
Agora, até política externa.
O adiamento da viagem de estado da presidente aos Estados Unidos faz
parte dessa estratégia de marketing. Os empresários e políticos estão
preocupados com essas atitudes atabalhoadas desses esquerdistas
mumificados. Os que hoje arrotam valentia contra a espionagem nunca
levantaram a voz para cobrar dos EUA respostas aos crimes dos seus
agentes contra os jovens brasileiros que lutaram contra a ditadura
militar.
O próprio Lula, ao assumir a presidência, varreu tudo pra baixo do
tapete. Deslumbrado com o poder, dizia-se tão intimo de Bush que numa
viagem ao exterior, tranquilizou um interlocutor: “Deixa que eu vou
falar com o meu amigo Bush”. A simpatia por dirigentes truculentos
chegou ao ápice, quando o ex-presidente abriu uma reunião na Líbia com
esse discurso: “Muammar Kaddafi, meu amigo, meu irmão e líder”.
É por causa desse comportamento político desastrado dos petistas que
ninguém está levando muito a sério os arroubos da Dilma em se recusar a
jantar e dançar no salão de festa do Obama . Mas, em todo esse
imbróglio, o que se tenta, na verdade, é esconder – é aí que entra o
marketing – a impopularidade da Dilma que ameaça a sua reeleição diante
dos últimos acontecimentos que mancham o seu governo.
O roubo de 400 milhões de reais do Ministério do Trabalho, a economia
sinalizando estagnação, o descrédito do ministro Mantega, o início da
debandada dos partidos aliados, o sucateamento do serviço público, a
crise na saúde, as obras de infraestrutura paralisadas e o processo do
mensalão que vai se arrastar desgastando a imagem petista. São esses
escândalos e a inercia administrativa que a Dilma tenta esconder com
essas bravatas bolivarianas. Desorientada e pressionada pela cúpula do
PT, que exige melhores índices nas pesquisas, a presidente viaja pelo
país inaugurando obras de vereador para se manter ativa na campanha à
reeleição, orientada pela equipe do marketing que ocupou o Palácio do
Planalto.
Empresários e políticos dizem que a decisão de Dilma de adiar o
encontro não vai interferir em nada no relacionamento entre os dois
países. O Globo, em editorial, condena a bravata da presidente e
considera a atitude “eleitoreira”. Portanto, nada abala a relação
comercial dos dois países, mas o fato serve para que a presidente ocupe
o espaço na mídia e atraia alguns brasileiros abestados para uma
cumplicidade histérica e idiotizada desse blefe eleitoreiro.
Fonte: Diário do Poder
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