
Na noite desta quinta-feira (24), o poeta Antônio Francisco Teixeira de Melo reuniu amigos e familiares para a estreia do filme “Nas Trilhas do poeta”, uma homenagem que mostra a cultura nordestina em seu ‘DNA’.
O filme é uma produção da Fagulha Filmes, com produção geral e executiva de Lígia Morais, com recursos da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) da Prefeitura Municipal de Mossoró.
O cordelista norte-rio-grandense nasceu em 21 de outubro de 1949 na cidade de Mossoró, filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo. É graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), crescido no bairro Lagoa do Mato onde reside até hoje e se dedica aos seus poemas memoráveis.
O filme Nas Trilhas do Poeta retrata a juventude de Antônio Francisco, destacando seu olhar sensível diante das transformações urbanas de Mossoró, impulsionadas pelo avanço arquitetônico e o crescimento econômico da cidade.
A narrativa é enriquecida pela participação de seu neto, Segundo, que contribui com relatos tocantes e testemunhos cheios de emoção, fortalecendo o elo entre passado e presente.
Um dos grandes reconhecimentos de sua trajetória foi a criação de um espaço cultural que leva seu nome dentro do “Mossoró Cidade Junina”, evento que carrega as raízes sertaneja.
Em 2023, foi inaugurado o Polo Poeta Antônio Francisco, dedicado à exaltação das tradições populares, com foco no riso, na arte nordestina e nas performances de talentos locais, que trouxe entretenimento para vários públicos durante o período junino.
Sua obra Por Motivos de Versos, mostra um nordestino agradecido pela sua origem, com histórias que remetem sua terra, onde no poema Um bairro chamado Lagoa do Mato, ele faz uma narrativa apresentando as transformações.
Confira o trecho:
“Nasci numa casa de frente pra linha,
Num bairro chamado Lagoa do Mato.
Cresci vendo a garça, a marreca e o pato,
Brincando por trás da nossa cozinha.
A tarde chamava o vento que vinha
Das bandas da praia pra nos abanar.
Titia gritava: está pronto o jantar!
O Sol se deitava, a Lua saía,
O trem apitava, a máquina gemia,
Soltando faísca de fogo no ar.
O galo cantava, peru respondia,
Carão dava um grito quebrando aruá,
A cobra piava caçando preá,
Cantava em dueto o sapo e a jia,
Aguapé se deitava e depois se abria,
Soltava seu cheiro nos braços do ar
O vento trazia pro nosso pomar,
Vovô se sentava no meio da gente
Contando história de cabra valente ...
Ouvindo lá fora o vento cantar.
Mas hoje nosso bairro está diferente...